Mapeamentos com sistemas de informação geográfica (SIG) e seleção de critérios de reintegração cromática: pintura de Adriano de Sousa Lopes como caso de estudo

  • Liliana Cardeira Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, CIEBA/ Laboratório HERCULES, Universidade de É https://orcid.org/0000-0001-7789-9980
  • Ana Bailão Universidade de Lisboa - Faculdade de Belas Artes - CIEBA; Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), Universidade Católica Portuguesa
  • Frederico Henriques Universidade Católica Portuguesa; Escola das Artes; Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR);
Palavras-chave: Documentação, fenómenos de degradação, lacunas, critérios de reintegração cromática, SIG

Resumo

A reintegração cromática de uma pintura é sempre um desafio para os conservadores-restauradores e a decisão de como reintegrar é geralmente baseada no valor e na função das obras. Porém, a escolha de qual a técnica de reintegração é a mais adequada nem sempre é fácil de se justificar. Para tentar ajudar a dar resposta a esta questão foi utilizado um software de Sistema de Informação Geográfica (SIG), designado de QGIS®. Através da edição vetorial foram efetuados vários mapas temáticos com a finalidade de registar as lacunas que se observavam nas pinturas. A análise efetuada com o auxílio do SIG permitiu fazer a caracterização espacial das lacunas em área, para facilitar a tomada de decisão da técnica de reintegração a ser aplicada. Como caso de estudo utilizou-se uma pintura académica de Adriano de Sousa Lopes (1879-1944). Na reintegração cromática usaram-se três técnicas conhecidas de conservação e restauro: o processo mimético, a selezione cromatica e o pontilhismo.

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Biografias Autor

Liliana Cardeira, Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, CIEBA/ Laboratório HERCULES, Universidade de É

Liliana Cardeira é doutora pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Foi bolseira do programa de doutoral HERITAS (REF.ª: PD/00297/2013) co-financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e Fundo Social Europeu através dos Programas Operacionais do período de programação 2014-2020, do Portugal 2020. É investigadora do Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA) e do Laboratório HERCULES, da Universidade de Évora. É licenciada em Ciência da Arte e do Património na FBAUL (2008-2011) e pós-graduada em Museologia e Museografia (2011-2012) no mesmo estabelecimento de ensino. É mestre em Ciências da Conservação, Restauro e Produção de Arte Contemporânea (2014).

Ana Bailão, Universidade de Lisboa - Faculdade de Belas Artes - CIEBA; Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), Universidade Católica Portuguesa

Licenciada em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2005) e mestre em Conservação de Pintura pela Universidade Católica Portuguesa (2010). Doutora em Conservação de Pinturas pela mesma universidade, em colaboração com o Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR) e o Instituto do Patrimônio Cultural de Espanha (IPCE), em Madrid. A pesquisa de doutoramento foi sobre os critérios e metodologias que podem ajudar a melhorar a qualidade do retoque de pintura. Os diversos projetos foram apresentados através de publicações, palestras, exposições e apresentações. Ensino de conservação e restauração, especialmente reintegração cromática, desde 2008. Desde 2004 realiza intervenções de conservação e restauro.

Frederico Henriques, Universidade Católica Portuguesa; Escola das Artes; Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR);

Frederico Henriques doutorou-se a 28 de janeiro de 2013, em Conservação de Pintura pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), como bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e apoio do Instituto Superior Técnico (IST). No ano seguinte, em agosto de 2014, na sua unidade de investigação, do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), e no Laboratório HERCULES, da Universidade de Évora, inicia os seus trabalhos de pós-doutoramento como bolseiro da FCT. A sua investigação versa a documentação e análise espacial de bens culturais, assunto sobre o qual tem diversas publicações nacionais e internacionais. Com formação superior iniciada em 1992, na Escola Superior de Conservação e Restauro (ESCR) tem também licenciatura (pré-Bolonha) no Instituto Politécnico de Tomar (IPT), com trabalho final de curso em “Conservação e Restauro de estruturas e suportes em Pintura”. Tem exercido docência em diversos cursos de conservação e restauro: Escola Artística e Profissional Árvore (EAPA), no Porto; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra (EPRPS); Instituto de Artes e Ofícios (IAO) da Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva (FRESS) e Universidade Católica Portuguesa (UCP). Foi também colaborador em várias empresas da área da conservação: Arterestauro, Junqueira 220 e Portorestauro. Estagiou no-Instituto José de Figueiredo (IJF), por duas ocasiões, e no Istituto Centrale per il Restauro (ICR), em Roma. Foi conservador-restaurador convidado para dois projectos do Instituto Português da Conservação e Restauro (IPCR): Igreja da Madre de Deus, em Lisboa, e Painéis de Pintura da Charola do Convento de Cristo, em Tomar. Desde 1997 que exerce a profissão de Conservador-restaurador para entidades públicas e privadas. A partir de Agosto de 2014, como bolseiro de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), dedica-se exclusivamente à investigação em Sistemas de Documentação e Representação Digital de Bens Culturais. Recentemente, em Agosto de 2017, foi renovada a bolsa FCT de segundo trénio do pós-doutoramento (SFRH/BPD/99163/2013).

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Publicado
2020-12-10
Como Citar
Cardeira, L. Q., Maria dos Santos Bailão, A., & José Henriques, F. (2020). Mapeamentos com sistemas de informação geográfica (SIG) e seleção de critérios de reintegração cromática: pintura de Adriano de Sousa Lopes como caso de estudo. Ge-Conservacion, 18, 228-237. https://doi.org/10.37558/gec.v18i1.855
Secção
Suplemento